terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um motim contra Lobato


Já há algum tempo tenho acompanhado um movimento contrário a algumas obras de Monteiro Lobato. Praticamente um motim. Grupos defendem que, especialmente na obra Caçadas de Pedrinho, há conteúdos racistas. Além disso, outros grupos de proteção animal afirmam que é um absurdo Pedrinho ter matado uma onça, sendo este um dos animais que, atualmente, gozam de proteção garantida por lei.
O fato é que isso tudo chegou a instâncias superiores com pedidos de recolhimento das obras desse grandioso autor. Na época, o então ministro da educação, Haddad, não aprovou. Liberou apenas uma nota de rodapé que explicasse que a obra fora escrita antes de ser promulgada a lei de proteção à Onça.
Tudo isso me revolta. Onde já se viu tamanha aberração! Li Caçadas de Pedrinho e, honestamente, não acho que essa obra seja capaz de persuadir um leitor, ou induzi-lo a sair por aí maltratando animais. Como defende a grande entendedora do assunto, Marisa Lajolo, não são necessárias notas de rodapé. Isso é o mesmo que dar ao leitor um atestado de ignorância, afinal, as obras de Lobato são exemplos da mistura do maravilhoso e mágico com o real. Tanto que os próprios animais da floresta se revoltam contra o pessoal do sítio e bolam uma vingança. Qualquer leitor saberá interpretar esse fato como característico da Literatura. O livro é fantástico. Dá um friozinho na barriga de tanta curiosidade a respeito do que vai acontecer, tanto com os animais, quanto com o pessoal do próprio sítio.

Sobre a tia Nastácia, devemos considerar sim que o período em que o livro foi escrito ainda carregava graves sequelas da escravidão. Mas isso não significa que a literatura de Lobato seja a responsável por formar pessoas racistas. Isso é o cúmulo do absurdo! Na minha opinião, quem diz isso não sabe o real sentido do texto literário, sua verdadeira função: humanizar, fazer com que o leitor seja transportado para uma outra realidade, que ele tenha a possibilidade de viver uma outra vida e, por meio disso, sensibilizar-se. Me poupem! Por que em vez de procurarem pêlo em ovo na literatura, não passam a censurar certos tipos de música, como o Funk, que ficou deturpado e faz diversas alusões ao sexo, às drogas e à marginalização? Por que não se preocupam em punir bandidos, pessoas inescrupulosas, políticos corruptos? O pobre Lobato nem está aqui para se defender.
Pois a minha opinião é: leiam. Leiam muito todas as obras de Monteiro Lobato e depois digam se se tornaram racistas ou exterminadores de animais só por causa disso. Oras bolas.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Novas indicações

Olá, pessoal!


Acabo de colocar mais algumas indicações no link "Estante". Foram leituras feitas nos últimos meses, entre infantis, infanto juvenis e adulta.


Obs.: só indico o que de fato li e se indico é porque gostei. Espero que gostem também!


Até a próxima!

Minha curiosidade em relação à leitura

Há algum tempo, diria, uns dois ou três anos, um assunto me inquietou pela primeira vez e continua inquietando até hoje: a leitura. Mas não qualquer leitura. A literária.


Dentre alguns dos meus questionamentos estavam as seguintes perguntas:
- Por que a criança entra na escola fascinada pelos livros, mas chega à adolescência desencantada?
- Por que nas aulas de língua portuguesa os exercícios de interpretação só aceitavam uma resposta? Por que o ponto de vista dos alunos quase sempre era rejeitado pelos professores?
- Por que no curso de Pedagogia que frequentei tantos "futuros educadores" não gostavam de ler? Ou sequer tentavam se abrir para a magia, o encantamento, o conhecimento e as infinitas possibilidades de interpretação do mundo que os livros oferecem?
- Por que ler apenas livros de auto-ajuda ou religiosos?
- Por que as pessoas têm aversão à literatura erudita? Aos clássicos? Seria apenas medo? Medo do desconhecido?


Foi nesse sentido, e tentando responder a essas perguntas, que meu grupo de faculdade e eu fizemos nossa pesquisa de conclusão de curso, e eu, individualmente, meu artigo de iniciação científica. Descobrimos muitas coisas, inclusive que perguntas parecidas foram feitas por autores de renome, como Luzia de Maria, Ezequiel Theodoro da Silva, Sonia Kramer entre outros.


Bom, esse assunto dá pano pra manga... Mas, em suma, defendo:


- que todos tentem superar os traumas do ensino médio e busquem ler, descomprometidamente, os mesmos livros. Vão ver que sem a necessidade de fichamentos, resumos ou estudos para provas a leitura vai ganhar um novo significado.


- que todos abandonem um livro se este não agradar, afinal,  ler até o fim algo que não nos cativa apenas para dizer "li inteiro" é uma atitude que visa apenas quantificar o que foi lido. Um narcisismo. Prefiro dizer: ah, não li aquele inteiro não... não gostei, mas esse... ah! Esse vale a pena ler duas vezes de tão bom que é!"


- ler de trás para frente, de frente pra trás, pulando capítulos... não importa. Cada um lê do seu jeito.


- Professores devem ser artistas das palavras, como defende Rubem Alves. Do mesmo jeito que ninguém gosta de ouvir um músico ou cantor desafinado, ninguém merece um professor que gagueja, se enrola e não dá a devida entonação e emoção à leitura.


- se uma pessoa não conseguiu ler um clássico porque achou difícil, como defende Ana Maria Machado, basta procurar uma versão adaptada, mas não parar aí: deve também arriscar-se a procurar ler os originais um dia.


Bom, por enquanto chega, né?
Que tal se arriscar hoje mesmo?
Boa leitura!













terça-feira, 3 de julho de 2012

Enfim, disponível novamente

Olá!


Enfim, estou disponível novamente.
Agora sim, Pedagoga de formação :)
E de coração e alma.


Agora sim, posso voltar a indicar livros, cursos etc.
Confesso que fiquei tão deslumbrada ao terminar a faculdade, e tinha tantos livros na "fila" para serem lidos, que não sei por onde começar.


Andei lendo alguns contos do livro "Felicidade Clandestina" de Clarice Lispector.
Ela é fabulosa! Maravilhosa...


Bem, assim que eu me decidir escrevo de novo.
Até a próxima!

domingo, 8 de abril de 2012

"Estaremos fora do ar devido a problemas técnicos..."

"Prezado internauta,


Venho por meio desta comunicar que estarei fora do ar devido a problemas técnicos...".


Na verdade, estou offline mesmo, mas é por conta do TCC e do meu artigo de Iniciação Científica que preciso terminar. Infelizmente (e com muita dor no coração... muita mesmo) confesso que não tenho lido nada nos últimos meses que não tenha a ver com esses assuntos acadêmicos. Minha última leitura foi mesmo o Dom Quixote... que saudade! (suspiros...). 
Até comecei a ler um do Érico Veríssimo, mas não consegui terminar... o TCC e o artigo (ah! e meu trabalho também) exigem demais de mim e do meu fôlego.


Para mim, ler é como tomar meu café da manhã... ou seja, preciso dessa minha dose diária de leitura para ficar bem, para passar o dia bem, para ficar de pé. Como não tenho tido essa minha dose de fruição, tenho me sentido fraca mesmo, de verdade (e é mesmo um desabafo).


Meu consolo: Estou na reta final e logo logo poderei ler todos os títulos que estão a espera de mim... Dostoiévski, Goethe, Tolstói, me aguardem... estou a caminho!


Até mais (a longo prazo....)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Dom Quixote... E eu!

Gostaria de compartilhar com você, leitor, a experiência maravilhosa que estou vivenciando ao ler o livro Dom Quixote, de Cervantes.


Quando ganhei a obra fiquei deslumbrante, pois havia muito que queria lê-la. No entanto, tinha receio de não compreender a linguagem rebuscada, característica, pois a obra fora publicada inicialmente em 1605. Ao mesmo tempo, não queria ler uma versão “simplificada”, de vocabulário, provavelmente, empobrecido. Queria ter acesso a uma tradução de excelente qualidade, como a da Editora 34, a qual ganhei. Então, diante disso, que fazer? Oras... Ler! E foi o que fiz.

Como um cavaleiro andante que se aventura por terras desconhecidas, assim me arrisquei. No início, confesso, achei que não fosse conseguir passar da página dez, mas depois, a cada linha lida, a cada página virada, sentia-me mais íntima de Dom Quixote de La Mancha e seu fiel e tagarela escudeiro, Sancho Pança.

Ria. Imaginava. Refletia. Sentia tristeza. E ria novamente com as trapalhadas e desventuras de nossos amigos ao passo que, conforme o fim do livro ia se aproximando, desacelerei a leitura. Isso porque parece que a saudade dos episódios lidos (alguns engraçadíssimos, diga-se de passagem) aperta o peito. Ainda não concluí a leitura, mas sinto-me como uma criança que vai chegando ao final do pacote de salgadinho e desacelera a comilança para, simplesmente, se deliciar e espaçar um pouco o final.

Deleito-me ainda a cada página e surpreendo-me com o Cavaleiro da Triste Figura  (o Dom Quixote), cujos miolos se lhe secaram de tanto ler livros de cavalarias, e a quem o escudeiro Sancho Pança, medroso, falador, analfabeto e de imenso coração, prova tamanha fidelidade.

Fecho o livro. Dom Quixote e Sancho calam-se, mas estão sempre ali, prontos, esperando o momento de eu reabrir o livro para que eles continuem a compartilhar suas aventuras e alegrias.

Este é, sem sombra de dúvidas, O LIVRO! Fiódor Dostoiévski o recomendou e creio ser um dos melhores já escritos por todos esses séculos de literaturas produzidas. É emocionante, divertido e encantador. Independente da idade que você tenha hoje, se ainda não o leu não se envergonhe. Presenteie-se com a possibilidade de ter contato com uma leitura inesquecível!

Até a próxima.

sábado, 26 de novembro de 2011

Boa música para os ouvidos. E para o coração.

Gente,


Adoro poesia, de verdade! E ainda mais quando uma pessoa consegue traduzi-la em uma canção...
Eu tomei conhecimento dessa banda, O Teatro Mágico, há pouco mais de três semanas e confesso: fiquei apaixonada!


É incrível como as músicas são belas, sensíveis, poéticas... tocam a gente! Viciam o ouvido e o coração. Não me canso de ouvir.
Disponibilizo abaixo a letra de uma delas, dentre tantas lindíssimas: Ana e o Mar.
Espero que você goste como eu gostei.


Até mais!



Ana e o Mar

Veio de manhã molhar os pés na primeira onda
Abriu os braços devagar e se entregou ao vento
O sol veio avisar que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar

Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada no farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas
Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar

Ana e o mar... mar e Ana
Histórias que nos contam na cama
Antes da gente dormir
Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
Abençoando ondas cada vez mais altas
Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
Desse novo amor... Ana e o mar

Fonte: Letras Terra